Holambra você conhece?
Irei a partir de hoje, contar um pouco da história da colonização holandesa, em terras hoje conhecidas como Holambra. Contarei em partes, ilustrando com algumas fotos do acervo de meu pai, Wim Welle (1915-2004).
Convido você a conhecer ou relembrar um pouco dessa linda historia!
Catharine Welle Sitta
Com a devastação pela segunda guerra mundial, os holandeses viram poucas perspectivas de futuro em seu país, pois teriam que reconstruí-lo. Foi então que, o Governo holandês incentivou a imigração, principalmente para o Canadá, Austrália, França e Brasil.
O Brasil seria o único país a aceitar imigração em grupos e estes sendo católicos. A Associação dos Lavradores e Horticultores Católicos da Holanda (Katholieke Nederlandse Boeren- en Tuinders Bond – KNBTB) enviou para o Brasil, uma comissão para viabilizar o projeto de imigração e firmar acordo, junto ao governo brasileiro. As autoridades governamentais na época eram a Rainha Regente dos Países Baixos Juliana van Orange, o Presidente do Brasil General Eurico Gaspar Dutra, o Embaixador de sua Majestade a rainha da Holanda Sr. Klein Molenkamp e o Governador do Estado de São Paulo Dr. Adhemar de Barros.
Em 15 de junho de 1948, o ministro para assuntos de colonização Sr. Jorge Latour, fechou acordo com o diretor do Frigorífico Armour em Chicago, acertando a compra de 5 mil hectares, na Fazenda Ribeirão, para o assentamento de camponeses holandeses.
Então em 14 de julho de 1948, o líder e idealizador do projeto de imigração, o Senhor Jan Geert Heymeyer, oficializou as atividades de exploração e colonização, fincando simbolicamente uma pá no chão, nas terras da Fazenda Ribeirão, dizendo a seguinte oração “Deus, abençoe o nosso trabalho”.
Formou se a Cooperativa Agro-Pecuária Holambra, cujo nome originou das iniciais HOLanda, AMerica, BRAsil.
Sem permitir que saísse capital (papel moeda) do País, já que a Holanda se reestruturava pós-guerra, os imigrantes depositavam seus valores na conta da Cooperativa, para uso conjunto de seus associados imigrantes. O governo holandês enviaria gado, maquinas e outros materiais necessários. Para os imigrantes ficaria a tarefa de desmatar e colonizar, terras com matas densas de vegetação nativa, tipo cerrado.
Nos primeiros meses de colonização, foram enviados ao Brasil, primeiramente um grupo de solteiros, para preparação da chegada de famílias já compostas. Era necessário o melhoramento das casas já existentes. Casas de ‘pau a pique’ onde o piso era de chão batido foi substituído por piso de cimento e as paredes de barro, foram pintadas de cal. Diziam as senhoras imigrantes que as crianças, nascidas nessas casas, já nasciam batizadas, pois em dias de chuva, chovia mais dentro do que fora. E antes de irem dormir, era necessário passar a vassoura debaixo das camas, para se certificarem de que não teriam surpresas de cobras compartilhando seus sonos!
Para as mulheres imigrantes, a dificuldade de adaptação à nova vida, foi muito difícil! Não havia água encanada e tinham que fazer as tarefas de banho nas crianças e lavar as roupas, em um córrego. Já a esposa do “Calça Curta” foi a primeira a ter água dentro de casa, pois ele improvisou um cano feito de bambu, que levava a água até dentro de seu quintal. Mas logo as construções de casas em alvenaria, formaria as primeiras vielas (foto).
Em breve, a parte 2. Até lá!
Pesquisa e texto: Catharine Welle Sitta, fotos: Wim Welle
Melis 15 oktober 2020
Mijn ouders woonden in Nao-Me-Toque R.S